terça-feira, novembro 07, 2006

Pai

Até hoje a única presença que dei como certa na minha vida foi a tua completa ausência...que já me faz companhia.

Se eu morrer amanhã, por favor...
Não tentes aproximar-te nessa altura, porque eu já não estarei cá...
Não te penitencies, porque eu não precisarei... eu gosto de ti mesmo assim.
Não me endeuses, porque até és ateu.
Não culpes aqueles que sempre estiveram presentes e que eu adoro...
Não tentes transferir a culpa da tua ausência para o amigo que me viu morrer...
Não te enchas de um paternalismo que nunca me deste...
Não iludas os que não sabem da tua ausência.
Não chores na minha partida, quando nunca o fizeste na minha presença...
Não me telefones que eu já não atendo... telefona-me hoje.
Não te ponhas a adorar as minhas fotos... porque nunca me tiraste nenhuma.
Não te castigues castigando os outros...
Não quero violinos... quero gospel...
Não fales uma palavra para o 24 Horas porque eu abomino esse pasquim!!! Muito menos para a TVI, isso seria pisar-me...
Não quero que carregues na tecla tristeza... quando todos estiverem tristes...
Não quero que a Paula se sinta pior...
Não maltrates os que eu amo... eu também gosto de ti.

Paizinho... se eu morrer amanhã... eu olharei por ti... como nunca o fizeste por mim.

Do teu filho Nuno

8 comentários:

V disse...

Não o teria dito melhor...

Continuas com o dom da assertividade... e de apelar ao bom senso...

J. disse...

brilhante!!!

Péricles disse...

Na TVI?? No programa do Goucha? Por favor... e a dignidade daqueles que dizemos homenagear? Com o devido respeito onde esteve estes 16 anos passados que eu nunca ouvi falar de si? Estou a perder a sensatez!!!

João Pedro disse...

Bem dito!


Não percas a sensatez... julgo não valer a pena! a esta altura do campeonato, haverão certamente muitas outras coisas que valem bem mais a pena. e lembrar, recordar estarão, certamente, no topo!

Inês disse...

Pois é... que dói já sabemos, que a tranquilidade vem com silêncio é mais difícil de aceitar, sobretudo por quem não partilhou o presente.

Anónimo disse...

ta brutal...

Anónimo disse...

agora que já passaram 2 semanas... a revolta sentida por todos aqueles, que sentiram necessidade de mostrar intensamente a sua dor, já passou. fico apenas com a recordação de um abraço dos muitos que tive o previlégio de receber. O único conforto que encontro neste momento, é que o bruno será sempre preservado em mim, ele fez parte da minha formação, e uma parte do que eu sou hoje, devo-la a ele.
Vou-me esforçar por acompanhar sempre o teu passo, ainda que por vezes o tenha de acelarar. Até sempre companheiro.

Anónimo disse...

as recordações não chegam para matar as saudades mas pelo confortam!
todas as pessoas que passam nas nossas vidas são importantes, no entanto nem todas se assumem como referências, como modelos, como exemplos de vida, o Bruno é tudo isto.
E para todos os que o acompanham sempre nas suas caminhadas é a lembrança do seu sorriso e preserverança que os ajudará a continuar...