Entra hoje em vigor a cobrança de portagens nas últimas SCUTS que ainda persistiam com o seu espírito inicial, A23, A24, A25 e Via do Infante...
O que mais me choca é ouvir os senhores utilizadores da A29 e A28 a dizer que foi reposta a justiça...
Assim se comprova que a velha máxima "dividir para reinar" resulta sempre.
Eu é a segunda vez na vida que sou apanhado por este tipo de alterações, a primeira foi aquando da introdução de portagens na CREL A9, e contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que lá passei a pagar em viagem particular, depois do inicio da cobrança de portagens. E agora na A23, da qual já tinha feito o desmame faz tempo. Não preciso de auto-estradas para nada!!
Nisto tudo o que mais me choca é a cobrança de portagem no antigo IP5, apelidado de "estrada da morte", para quem não se recorda o IP5 foi construído pelos governos de Cavaco Silva e ligava Vilar Formoso à A1, foi construído e bem com perfil de via rápida, mas com muitos erros de projecto e construção o que fizeram dessa estrada uma das mais mortíferas estradas dos anos 90... No entanto nem imagino o dinheiro que se gastou para uma estrada que durou aproximadamente uma década, e que teve de ser refeita novamente com o dinheiro dos contribuintes, para que se refizesse uma das maiores borradas da engenharia portuguesa, e que teve como resultado tantas e tantas vidas perdidas e outras tantas molestadas para sempre...
E agora? Agora esquecemos as mortes; esquecemos todo o dinheiro investido no IP5 que foi para o lixo com a amortização mais acelerada de sempre de uma estrada, 10 anos; esquecemos os paraplégicos; as promessas de resolução desses erros de projecto; esquecemos as pessoas que exportam a bem do país e esquecemos que para não se morrer é preciso pagar por Km...
Esquecemos que quem devia pagar a A25, deviam ser os projectistas, as construtoras e os políticos adjudicadores da obra do IP5.
O interior não esquecemos porque já foi esquecido faz tempo...
Esquecemos que antes de cobrar portagens nas Auto-estradas, acabámos com centenas de Km de via férrea, e os que não acabaram esquecemos de os tornarmos alternativas... Perguntem a um Algarvio, porque não vai trabalhar de comboio de Tavira para Faro?
Esquecemo-nos de apostar no transporte público não foi senhor Cavaco? O que as construtoras queriam era espalhar alcatrão com duas faixas de rodagem... mas o dinheiro da Europa não chega para tudo... fechem-se linhas de caminho de ferro... o país aguenta a dependência do petróleo... qualquer dia até se descobre que temos uma jazidas na nossa costa e fica resolvido! O quê? já se descobriu? E ficamos com 5% dos lucros? Tanto? E se houver um episódio BP nas nossas águas? Só pagamos 5% do risco?
Enfim... o melhor é esquecer! Ou então não!!
Apaguemos tudo!! Inclusive apaguemos as cruzinhas que temos vindo a meter nos boletins de voto de determinados partidos liderados por determinados senhores!!
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